As organizações e as iniciativas apoiadas
Conheça as seis organizações selecionadas na chamada “Meninas que Vão Além” e as seis iniciativas implementadas durante os 12 meses do projeto apoiado pelo British Council dentro da estratégia de inclusão de gênero e raça na educação.
Associação Quilombola Conceição das Crioulas – AQCC
Sobre: A AQCC tem como missão promover o desenvolvimento de Conceição das Crioulas, comunidade quilombola localizada no município de Salgueiro, a 550 km de Recife, fortalecendo a organização política, a identidade étnica-cultural e a luta pela causa quilombola.
Ano de fundação: 2000
Iniciativa: Projeto “Franciscas, Marias e Dandaras: donas de seus destinos” foi pensado para estimular o desenvolvimento de competências interpessoais como, habilidades de liderança e oratória, além de fortalecer a auto estima individual e coletiva, de pelo menos 30 alunas da escola José Mendes. Educadoras populares da comunidade lideraram a iniciativa, planejaram e executaram atividades como rodas de conversa, oficinas e seminários relacionados ao contexto de Conceição das Crioulas.
Local de atuação: Conceição das Crioulas, sertão do município de Salgueiro, em Pernambuco.
Desafios: Mobilizar jovens em contexto pós pandemia; enfrentar as dificuldades relacionadas ao transporte público no território; adequar as atividades ao cronograma letivo, que também é diferente das escolas não quilombolas; ausência de Internet wi-fi no território.
Soluções: Envolvimento da escola e atividades realizadas durante o período escolar; diálogo com a comunidade escolar para alinhar os temas do projeto aos assuntos acordados em sala de aula; adequação de atividades conforme ferramentas tecnológicas disponíveis.
Grupo de Mulheres Negras Dandaras no Cerrado
Sobre: A organização é um braço do movimento feminista negro e existe com objetivo de fortalecer a luta pela construção de uma sociedade justa, plural, sem racismo e sexismo. Para tanto, as Dandaras investem na formação de mulheres e adolescentes negras promovendo ações educativas em gênero, raça, moradia, direitos humanos e saúde reprodutiva.
Ano de fundação: 2002
Iniciativa: O “Investiga Menina!” incentiva meninas negras na escolha pelas carreiras das ciências exatas. A sua atuação ocorre em duas frentes: 1) acompanhamento pedagógico na escola com uma intervenção direta no currículo escolar; 2) e vivências interculturais, em que as estudantes conversam sobre os objetos de estudo de cientistas negras tanto do estado de Goiás, quanto de outras regiões do Brasil.
Local de atuação: Goiânia (GO)
Desafios: Conciliação com cronograma escolar; dificuldade de realização das atividades por causa do período eleitoral; o número de pessoas impactadas foi maior que o previsto; dificuldade de alinhar o cronograma do projeto com a agenda de professoras e convidadas.
Soluções: Diálogo com a escola, marcação prévia das atividades, flexibilidade de cronograma e remarcação de aulas quando necessário; otimização do tempo e das atividades, envolvimento da escola para auxiliar na estruturação das atividades; organização interna e substituição de docentes.
#ElasNoPoder
Sobre: A organização iniciou seus trabalhos a partir dos questionamentos das fundadoras a respeito do pouco espaço das mulheres na política brasileira. Atualmente, a #ElasNoPoder atua em 4 grandes áreas: formação política para mulheres; plataforma Impulsa; pesquisa; advocacy e mobilização social.
Ano de fundação: 2018
Iniciativa: A organização desenvolveu o projeto “Elas na Escola” com a temática: “Eu sou uma menina negra do agora e uma mulher negra no poder do futuro”. Com a intenção de atingir 50 meninas negras – incluindo indígenas e quilombolas – dos 8º e 9º anos do Ensino Fundamental, do Distrito Federal (DF), a iniciativa construiu um ciclo de formação com rodas de conversa, workshops e palestras com assuntos sobre o feminino, formação política, contato com lideranças negras, entre outras atividades, a fim de estimular o auto-reconhecimento das participantes como agentes de mudança social e política.
Local de atuação: Distrito Federal (DF)
Desafios: Dificuldade em ter uma escola parceira que ceda o espaço para a realização das atividades; garantir que a divulgação do projeto alcançasse o público-alvo pretendido; dificuldades socioeconômicas, principalmente de subsistência, entre as famílias participantes; mesmo que as temáticas abordadas não favoreçam nenhuma candidatura, o período eleitoral se mostrou como um desafio.
Soluções: Parceria com o Centro Interescolar de Línguas de Ceilândia (CILC); divulgação presencial em estabelecimentos educacionais e comerciais; utilização de carro de som; investimento em tráfego pago nas redes sociais; flexibilização das inscrições; fornecimento de 3 lanches, ao invés de apenas 1; fornecimento de lanches também para os pais e responsáveis que acompanhavam as estudantes; criação de um grupo de WhatsApp para contato rápido com estudantes e familiares; relacionamento próximo com os familiares e responsáveis; garantia de ajuda de custo às participantes; avaliação de que as próximas edições do projeto aconteçam fora do período das eleições.
Centro de Cultura Luiz Freire (CCLF)
Sobre: O CCLF é uma organização não-governamental que atua no direito à educação cultura e direito à comunicação. Com vasta atuação no sertão pernambucano, a organização está há cinco anos presente na cidade de Mirandiba (PE), onde se tornou referência em educação quilombola e indígena.
Ano de fundação: 1973
Iniciativa: O “Papo de Menina” foi desenvolvido com o objetivo de reunir 40 meninas prioritariamente negras, dos 8º e 9º anos do Ensino Fundamental, de escolas públicas do entorno do sítio histórico de Olinda (PE). A Inclusão dos temas de saúde mental e autocuidado foi vista como fundamental pela organização. Para isso, contaram com o apoio de psicólogas que promoveram terapia comunitária para as meninas e realização de encaminhamentos necessários em casos específicos.
Local de atuação: Centro histórico da cidade de Olinda, em Pernambuco, e tem atuação no sertão pernambucano e na cidade de Mirandiba, onde desenvolve projetos de educação quilombola.
Desafios: Dificuldade em mobilizar o público do projeto, por causa do horário letivo integral das escolas de Olinda; conquistar a confiança e garantir o apoio dos familiares; empobrecimento das famílias, que faz com que muitas meninas sejam responsáveis pelos afazeres domésticos e pelo cuidado com crianças e idosos que vivem em suas casas.
Soluções: Ampla divulgação tanto online quanto presencial dos eventos; parceria com atores locais; ampliação do público-alvo da região de Olinda para a região metropolitana de Recife; reunião com os familiares e responsáveis das participantes para apresentação do projeto, do trabalho do CCLF e estabelecimento de um diálogo sobre as atividades que serão desenvolvidas; pagamento de ajuda de custo às participantes.
Geledés – Instituto da Mulher Negra
Sobre: A organização não governamental surgiu no processo de redemocratização do país com o intuito de assegurar a efetivação para o direito de cidadania. Se estabeleceu na sociedade civil pela luta por igualdade, dignidade e, principalmente, com foco nas políticas públicas buscando a garantia de direitos para mulheres e população negra.
Ano de fundação: 1988
Iniciativa: O projeto “Meninas Negras Vão Além” busca colaborar para a permanência das meninas no sistema de ensino, a partir da metodologia de ação entre pares, pensando que “mulheres são as melhores protetoras de outras mulheres”. Dessa forma, foram selecionadas 18 guardiãs do projeto, meninas negras e não negras, mas sempre em situação de risco para o percurso educativo, que já estavam envolvidas em ações políticas e de comunicação. As guardiãs foram a conexão com outras meninas, totalizando 36 participantes.
Local de atuação: São Paulo (SP)
Desafios: Dificuldade em efetuar o termo de parceria com o parceiro planejado inicialmente; as questões socioeconômicas das famílias dificultaram a adesão ou a permanência das alunas no curso, uma vez que algumas são responsáveis pelo trabalho de cuidado com outras crianças ou idosos, além dos afazeres domésticos; a presença das participantes foi impactada pois muitas delas possuíam responsabilidades domésticas, além das tarefas escolares; em razão da alta vulnerabilidade das famílias, não foi possível ter certeza de que o auxílio disponibilizado pelo projeto, era realmente utilizado para pagar a internet e não outras necessidades familiares.
Soluções: Parceria direta com uma escola pública localizada na cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo; ampliação do projeto para estudantes desde o 7º ano; realização de parceria com o Centro da Criança e Adolescente da localidade; diálogo com a escola para retomada de compromissos assumidos no início do projeto; a presença de um agente escolar que auxiliou o Geledés durante todo o projeto no diálogo com os familiares exigindo compromisso dos responsáveis.
Associação Brasileira de Pesquisadores(as) Negros(as) – ABPN
Sobre: A ABPN é uma associação civil, sem fins lucrativos, filantrópica, assistencial, cultural, científica e independente, tendo por finalidade o ensino, pesquisa e extensão acadêmico-científica sobre temas de interesse das populações negras do Brasil.
Ano de fundação: 2000
Iniciativa: “Minas Negras” é um projeto concebido pelas pesquisadoras vinculadas à ABPN, do núcleo de pesquisa sobre feminismos negros e aconteceu simultaneamente em seis polos de educação. O projeto foi dividido em duas fases: a primeira focou na temática de gênero e raça com toda a comunidade escolar, para todas as alunas que desejarem participar, incluindo as direções das escolas e professoras em exercício. Já na segunda, foram selecionadas 42 meninas negras dos 8º e 9º anos do Ensino Fundamental para participarem de rodas de conversa, entrevistas com mulheres, trabalhos em grupo, processos de escrita, entre outras iniciativas.
Local de atuação: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais e Paraná.
Desafios: Suspensão das aulas e dificuldade de encontro das coordenadoras de polo e sua equipe pelos seguintes motivos: diversos casos de Covid-19 nas escolas; greve das professoras, que afetou todos os polos; adversidades relacionadas ao clima local como, chuva ou frio em excesso.
Soluções: Fornecimento de internet (3G/4G) para estudantes; criação de apostilas interativas impressas; aquisição de livros.